A mosca me olhava.
Em seu desalento,
perdiam-se meus sentidos ali despejados.
Tantas horas que não passavam.
Faltava silêncio, som.
De que adiantam os cânticos
entonados em dias ensolarados?
Se você lesse minhas poesias,
saberia
das muitas dores,
mágoas.
Era isso o que nos restava!
A cinza de um cigarro apagado.
E eu poderia ser ainda mais trágica,
se a falta de ar
não me secasse a garganta.
A mosca me respondeu.
Demonstrou uma agonia qualquer.
Se ao menos eu pudesse
compreendê-la.
Meus olhos fitaram o vazio
como se fitassem a eternidade.
Eu quis ser mosca,
mas só pude notar
a existência do cigarro apagado.
sábado, 15 de maio de 2010
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